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Florescimento

O cinema antes dos cinemas:
1900 a 1909

O pioneirismo de Pelotas no campo do cinema é notável. A primeira exibição de imagens em movimento na cidade ocorreu em 26 de novembro de 1896, no salão nobre da Bibliotheca Pública Pelotense. O evento ocorreu menos de um ano após a histórica sessão de 28 de dezembro de 1895, no Salon Indien do Grand Café, em Paris, quando os irmãos Lumière apresentaram um programa de 25 minutos com 10 curtas-metragens.

 

A exibição pelotense foi promovida por Francisco De Paola e, ao contrário do que aconteceu em Paris, aqui a projeção foi realizada com o aparelho de Thomas Edison. Vale lembrar que Dom Pedro II mantinha uma relação próxima com Edison, sendo o Brasil um dos primeiros países a contar com aparelhos telefônicos, após o imperador ter testemunhado a invenção numa feira internacional. Essa conexão tornava o país um importante canal para as invenções do norte-americano, que, por sua vez, nutria uma certa rivalidade com o cinematógrafo dos irmãos Lumière.

 

A primeira exibição do aparelho francês em Pelotas só viria a ocorrer em maio de 1898, na Sociedade Ginástica Alemã, trazida pela companhia do casal de atores Germano Alves e Apolônia Pinto, que fazia turnês levando o cinematógrafo de cidade em cidade.

 

Em 1905, o Theatro Sete de Abril recebeu o “cinematógrafo falante”, trazido pela empresa Hervet. O projetor representava uma das primeiras tentativas de sincronizar imagem e som, utilizando-se de cabos, uma inovação notável para a época.

 

Já em 1909, o Salão Éden foi palco da primeira exibição comercial e paga de um filme na cidade. Por isso, pode-se considerar o Éden como o primeiro cinema, ainda que em formato embrionário, na história da exibição cinematográfica de Pelotas.

Cinema: Éden Salão
Endereço: Rua Marechal Floriano, 06 (quase esquina Rua XV de Novembro)
Data de Abertura: 15 de agosto de 1909

De propriedade dos irmãos Umberto e Nicolau Petrelli.

Inaugurado com a exibição dos filmes Excursão à Veneza, A Mulher Eleita, Sogra Desenfreada, Ladrão Sentimental e um pequeno documentário realizado por Nicolau sobre a inauguração do Sport Clube Pelotas.

O espaço funcionava de terça-feira à domingo à noite.

Cinema: Theatro Sete de Abril
Endereço: Praça Coronel Pedro Osório
Data de Abertura: 1833 - a partir de 1901 exibe espetáculos com imagem em movimento

O Theatro Sete de Abril foi inaugurado em 1833 em meio ao Ciclo Econômico das Charqueadas e foi o primeiro teatro do Rio Grande do Sul. É no Sete que exibe-se a primeira sessão utilizando um cinematógrafo Lumière na cidade, em 1898. Nas imagens, apresentadas por Germano Alves e Apolônia Pinto, estavam o mar, barcos, desfile de batalhões e imagens cotidianas. Depois desse acontecimento, a partir de 1901, as exibições de imagem em movimento se tornaram atração esporádica no espaço, até tornarem-se, com o passar dos anos, regulares.

 

É quando o Sete é arrendado pela Xavier e Santos, empresa de distribuição de Francisco Santos e Francisco Xavier,  por um período que vai de 4 de maio de 1922 a 30 de abril de 1925, que o Theatro conhece o fervor da cinefilia. Tanto que o contrato da Xavier e Santos acabou ampliado até 30 de abril de 1929. 

 

Foi a época em que o Sete de Abril foi impulsionado como cinema, mesmo com Santos enfrentando forte concorrência com tantos cinemas pela cidade, em especial o Theatro Guarany. Vale lembrar que o Sete de Abril possuía um valor alto de ingresso e era frequentado pela elite pelotense. 

 

Com dificuldades em ser competitivo com as grandiosas exibições do Guarany, Santos viaja para o Rio de Janeiro para fazer conexões e conseguir filmes para programar em Pelotas. Lá encontra Francisco Serrador - na época dono da CCB, a Companhia Cinematográfica Brasileira e da antiga companhia carioca Ferrez, o que o tornava o maior distribuidor de fitas do país.

 

O Sete deixou de exibir sessões de cinema em 1979.

Primeiras salas:
Anos 1910

A década de 1910 marca o surgimento e a consolidação das primeiras experiências cinematográficas em Pelotas, em sintonia com as transformações que ocorriam no Brasil e no mundo. Este foi um período de efervescência cultural e de importantes marcos para a história do cinema local e nacional, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças sociais e o surgimento de nomes fundamentais para a trajetória da sétima arte no sul do país.

Com a inauguração da Linha Sul da Estrada de Ferro, conectando Rio Grande a São Paulo, Pelotas deixou de estar isolada geograficamente e passou a integrar-se mais diretamente às dinâmicas culturais e econômicas do restante do país. Essa nova configuração favoreceu a circulação de bens simbólicos, como o cinema, e fortaleceu o potencial de consumo e produção cultural da cidade.

Foi nesse contexto que chegaram a Pelotas os portugueses Francisco Santos e Francisco Xavier, inicialmente com uma companhia teatral, mas rapidamente passaram a dedicar-se ao cinema, diante do entusiasmo do público e das possibilidades técnicas do novo meio. Em 20 de setembro de 1912, Francisco Santos fundou a Guarany Fábrica de Fitas Cinematográficas, conhecida como Guarany Films, um marco pioneiro não só para a cidade, mas para o cinema brasileiro. A produtora estabeleceu um ciclo regional de produção de filmes, descentralizado do eixo Rio de Janeiro–São Paulo, e que possibilitou a realização de obras locais com temas regionais.

Entre os filmes realizados pela Guarany Films, destaca-se Os Óculos do Vovô (1913), uma comédia curta de cerca de 20 minutos, considerada atualmente o filme de ficção brasileiro mais antigo ainda preservado. Restaurado pelo pesquisador Antônio Jesus Pfeil, esse título se tornou símbolo da importância da memória cinematográfica nacional. Além dele, a produtora lançou outras obras, como O Crime dos Banhados (1914), longa-metragem policial baseado em um crime ocorrido na região em 1912. O filme, com cerca de duas horas de duração, foi escrito, dirigido, produzido e fotografado por Francisco Santos. É considerado por muitos como possivelmente o primeiro longa-metragem de ficção produzido no Brasil, mas infelizmente se encontra até hoje desaparecido.

Outras produções, como O Marido Fera (também conhecido como A Mulher do Chiqueiro), O Beijo, Amor de Perdição e O Maldito Algoz foram tentativas de continuar expandindo a produção, mas muitos desses filmes ficaram inacabados ou desapareceram com o tempo, provavelmente devido à escassez de materiais e às limitações técnicas da época.

Essa escassez, aliás, agravou-se com a  Primeira Guerra Mundial em 1914. As dificuldades de importação de equipamentos e insumos cinematográficos afetaram duramente a continuidade do projeto, levando ao fechamento da Guarany Films ainda naquele ano.

Paralelamente à produção, o número de salas de exibição na cidade crescia de forma consistente. Cineteatros como o Coliseu, o Ideal Concerto, o Parisiense, o Polytheama e o Eldorado recebiam sessões regulares. Ainda que a divulgação das sessões nos jornais da época fosse esparsa e irregular nos primeiros anos da década, é a partir de 1912 que se nota uma maior frequência e detalhamento nas notas publicadas, demonstrando o fortalecimento do circuito exibidor e a intensificação da concorrência entre as salas. 

Assim, a década de 1910 foi fundamental para o enraizamento da cultura cinematográfica em Pelotas, seja pela criação de salas de exibição, seja pela experiência singular e vanguardista da Guarany Films. A cidade tornou-se, ainda que por um breve período, um centro de produção audiovisual brasileiro, contribuindo para a formação de uma identidade cinematográfica regional e para o desenvolvimento de um público entusiasta do cinema.

Cinema: Coliseu
Endereço: Anchieta (entre Dom Pedro II e Telles)
Data de Abertura: 12 de janeiro de 1910

Por vezes confundido como o primeiro cinema da cidade, o Colyseu ou Coliseu, localizava-se na Rua Anchieta entre Dom Pedro II e General Telles. Era um cinema tido como popular e por suas condições mais simples e acessibilidade ampla ficou conhecido como  “pulgueiro”. Teve, segundo relatos, certa dificuldade em se adequar ao cinema sonoro. 

Foi no Coliseu, por exemplo, a exibição de O Crime dos Banhados, em 1915, de Francisco Santos, uma das fitas da Guarany Filmes. 

Encerrou suas atividades em 1942.

Cinema: Parisiense / Recreio Ideal
Endereço: Rua General Netto (entre Anchieta e XV)
Data de Abertura: 23 de abril de 1910 /  21 de março de 1912

O Parisiense impulsionou a ampliação das exibições na região central da cidade. É inaugurado com a exibição das fitas de teatro-filmado como Sanchez, o Rei dos Repórteres, O Guitarreiro  de Cremona, O Bandido da Cara Negra e O Elo, entre outros. Em 1912 o espaço mudou de nome e transformou-se em Recreio Ideal. Na sua reabertura foram exibidos: Max Linder e Joane no Teatro, Loucuras de um Pai, Palácio de Versailles e Soldados de Jack Marco.

Cinema: Polytheama
Endereço: Praça Coronel Pedro Osório (antiga Praça da República)
Data de Abertura: 25 de dezembro de 1910

Localizado onde atualmente é o Grande Hotel, o Polytheama apresentou na sua inauguração Fred Stuto e seus Cães e La Pouchard. 

Foi um cinema de existência breve já que sua desativação acabou ocorrendo em 1919, um pouco antes do começo da construção do Grande Hotel - que se daria de 1925 a 1927.

Cinema: Popular
Endereço: Rua General Osório esq. Rua General Argolo
Data de Abertura: 23 de abril de 1911

O Cinema Popular era uma casa de diversões com um palco onde eram realizadas apresentações. Era um cineteatro com capacidade para 2 mil lugares  distribuídos em 12 camarotes com 480 lugares e ainda uma arquibancada.

Cinema: Caixeiral
Endereço: Pr. Cel. Pedro Osório, 106
Data de Abertura: Setembro de 1911

Criado em dezembro de 1879, o Caixeiral ganhou a denominação de “club” em janeiro de 1880. Ocupou várias sedes provisórias, até se instalar no edifício construído pelo arquiteto Caetano Casareto, em cujos salões, a partir de 1911, foram organizadas projeções de filmes.

Cinema: Eldorado
Endereço: Rua Benjamin Constant esquina Rua Álvaro Chaves
Data de Abertura: 1912

O Cinema Eldorado tinha capacidade similar ao Cinema Popular com 2.000 lugares para os espectadores.

Cinema: Ideal Concerto, Ponto Chic, Arco-íris, Ponto Chic
Endereço: XV de novembro esquina Sete de setembro
Data de Abertura: 30 de março de 1912

Localizado onde hoje é o tradicional Café Aquários e a Associação Comercial de Pelotas, o Ideal Concerto passou por diferentes nomes ao longo dos seus anos, mas o que sempre prevaleceu foi Ponto Chic. 

 

Era considerado pelo crítico de cinema Pery Ribas como o cinema mais bem frequentado da época, por onde passava a elite pelotense. Com capacidade para 500 pessoas, a sala tinha cadeiras importadas da Áustria e um cinematógrafo que permitia projetar imagens a uma distância de 30 metros. Uma orquestra acompanhava as sessões e, nos intervalos, eram distribuídos aos espectadores cigarros de fumo turco, confeccionados em Pelotas, que levavam o mesmo nome, Ideal Concerto.

 

Acabou por ser encerrado, segundo o próprio Ribas, pela abertura do Cine Capitólio.

Cinema: Arealense
Endereço: Areal
Data de Abertura: Outubro de 1913

São escassas as informações sobre o Arealense. Cinema de bairro, localizado no Areal, era administrado pela empresa Abreu & Cia com funcionamento apenas aos finais de semana.

Cinema: Gaúcho
Endereço: Rua Manduca Rodrigues
Data de Abertura: 1915

Apesar de apontado em pesquisas, não existem informações mais precisas sobre este cinema, que era propriedade de Plínio Pereira.

Cinema: Universal
Endereço: Rua XV de Novembro, 728
Data de Abertura: 31 de dezembro de 1916

Conforme os jornais da época da inauguração, o cinema era decorado de forma simples, mas elegante, com sala de espera para o espaço de exibição. Amplamente iluminado com lâmpadas elétricas,  dispunha de ventiladores, sendo um deles para sucção do ar quente da sala. A cabine era forrada de zinco para maior segurança.

 

A abertura,marcada para às 14h30, foi dedicada à filmes para crianças. À noite, programação para o público em geral e, entre as sessões, podia-se ouvir uma orquestra.

 

Acredita-se que o cinema teve um breve período de existência, tendo fechado já em 1917, quando cessaram notícias de sua programação nos jornais da cidade.

Anos 1920
Guarany e os anos áureos da Xavier & Santos (a XIS)

O marco inicial da década de 1920 é, sem dúvida, a abertura do Theatro Guarany, em 1921. Trata-se de um projeto ambicioso do espanhol Rosauro Zambrano, que tinha como objetivo construir um espaço grandioso e moderno, cujo nome homenageava a famosa ópera de Carlos Gomes. A estrutura começou a ser idealizada em 1919, mas as obras propriamente ditas tiveram início em 1920. Francisco Santos e Francisco Xavier formaram sociedade com Zambrano, e há relatos de que foi Santos quem ofereceu diversas orientações ao engenheiro Stanislau Szarfarki. A inauguração, em abril de 1921, ocorreu com a apresentação da ópera Il Guarany, pela companhia argentina Líria Marranti.

 

Menos de um ano depois, a sociedade entre Zambrano e os Franciscos foi desfeita por desentendimentos. Xavier e Santos, então, recomeçaram por conta própria e provocaram uma intensa movimentação como exibidores na cidade de Pelotas. Produtores de fitas exibidas no Ponto Chic, logo passaram a arrendar o Cine Coliseu (assumindo o controle da programação e da bilheteira) e, também, o Theatro Sete de Abril. Este último esteve sob sua gestão entre 4 de maio de 1922 e 30 de abril de 1925 — período em que o espaço experimentou o auge da cinefilia na cidade. O sucesso foi tal que o contrato com a empresa Xavier e Santos foi prorrogado até 30 de abril de 1929.

 

Empresários entusiastas, Xavier e Santos decidiram conquistar o público pelotense com maior autonomia, investindo na construção e gestão de espaços próprios. Assim, inauguraram o Teatro Apollo em 1925; logo depois, o Cine-Teatro Avenida, em 1926; e, por fim, em 1928, fundaram aquele que se tornaria o cinema mais importante, tradicional e longevo de Pelotas: o Capitólio.

Cinema: Theatro Guarany
Endereço: Rua Lobo da Costa
Data de Abertura: 30 de abril de 1921

Idealizado por Rosauro Zambrano como um novo palco para óperas e espetáculos teatrais na cidade, o Guarany não se limitou às artes cênicas e logo passou a exibir filmes, tornando-se também uma sala de cinema. Entre as décadas de 1930 e 1950, o espaço consolidou-se como uma dos principais espaços de projeção de filmes de Pelotas, sendo cenário da exibição do primeiro filme falado na cidade: “Alvorada de Amor", em 1930.

 

A família Zambrano, além de idealizadora do teatro, também esteve envolvida em sua gestão ao longo dos anos, garantindo que o Guarany permanecesse como um centro cultural ativo. Com sua reinauguração em abril de 1970, o Guarany exibiu o filme O Calhambeque Mágico (Chitty Chitty Bang Bang, 1968). Uma nova fase após reformas significativas que modernizaram suas instalações.

 

Nas décadas seguintes, o Guarany continuou exibindo produções nacionais e internacionais, porém o número de sessões e a frequência do público diminuíram gradualmente, levando ao encerramento das atividades cinematográficas regulares em 24 de outubro de 1996 com o filme "A Ilha do Dr. Moreau”, estrelado por Marlon Brando.

Cinema: Teatro Apollo
Endereço: Rua Gomes Carneiro, 1661
Data de Abertura: 04 de setembro de 1925

Mais um projeto da empresa Xavier e Santos, o espaço comportava 1200 cadeiras e 300 gerais, numa plateia dividida em 5 corredores. Tido como elegante e moderno para a época, o cineteatro dispunha de palco e cabine de projeção de cimento armado, e ventilação garantida por inúmeras aberturas móveis. Um vestíbulo, gabinetes reservados para homens e mulheres, bilheterias e depósito, completavam as instalações do novo teatro.

 

Na ocasião de sua inauguração, a fachada não estava inteiramente concluída. O evento teve apresentação da sinfonia de O Guarani, com regência de José Amor, a presença dos artistas Os Rochinhas, além de exibição de filmes como Romance na Floresta, com William Desmond no elenco

 

Passou por uma reforma em 1957, em que o palco foi removido, mantendo espaço apenas para a tela de projeção e a plateia, dividida em primeiro e segundo pavimentos. Em 1960 se tornou propriedade da Cinépolis, de Victor R. Petruci. Era uma cinema com 1450 lugares e com aparelhagem 35mm. 

Resistiu por décadas até ser demolido e transformado em um prédio residencial, em 1976.

Cinema: Cine Teatro Avenida
Endereço: Avenida Bento Gonçalves, 3972
Data de Abertura: 03 de julho de 1927

Mais um dos projetos de Santos e Xavier, o Avenida faz sua estreia no inverno de 1927, com um atraso de três dias na entrega das poltronas. A inauguração foi com o filme O Cavaleiro Audaz (1926), um western silencioso de Roy William Neill,  com Buck Jones no elenco. No dia seguinte à abertura, subia ao palco a Companhia Brasileira de Comédias Álvaro Fonseca, com A Dama dos Cinemas.

 

O espaço entrou para o rol das principais salas exibidoras da cidade até 1984, sendo ponto de encontro da população de várias idades, já que promovia a “troca de gibis”nas sessões infantis. 

 

Em 1985, reabriu como espaço de lazer, com uma programação voltada para shows, espetáculos teatrais, desfiles de moda, sendo também lembrado como a danceteria Mamão com Açúcar.

 

Em 2019 foi cogitada a reabertura do Avenida como um espaço cultural que seria gerenciado pelos mesmos do Guion Cinemas, de Porto Alegre. A empreitada não foi adiante e até mesmo o Guion da capital fechou as portas.

Cinema: Cine Capitólio
Endereço: Rua Anchieta, 2009
Data de Abertura: 9 de novembro de 1928

O mais longevo cinema da cidade, o Capitólio foi um grande projeto de Francisco Santos e Francisco Xavier, elaborado pelo engenheiro e arquiteto Sylvio Barbedo, com decoração do pintor Sobragil Gomes Carollo. Teve como filme de abertura The Demi-Bride, de 1927, uma produção estrelada por Norma Shearer. Ainda que presente na memória e na vida social de diferentes gerações de pelotenses, é importante mencionar que, assim como outros espaços da época, o Capitólio no começo de suas atividades segregou o acesso de pessoas negras. 

 

Sob gerência de Victor R. Petruci e com objetivo de modernizar o prédio, o Capitólio foi remodelado e reinaugurado em 1967, com a fachada completamente alterada. Nessa reabertura é exibido o filme De Olhos Vendados (Blindfold, 1965) com Rock Hudson e Claudia Cardinale.

Em junho de 2001, uma nova reforma abriu uma nova sala no antigo mezanino do cinema. Entre os filmes exibidos nas primeiras semanas de abertura estavam Miss Simpatia (Miss Congeniality, 2000) e O Retorno da Múmia (The Mummys Return, 2001). A Sala 1 contava, assim, com 430 lugares e a Sala 2, com 308. 

 

O Capitólio fechou em 4 de outubro de 2007 e entre as últimas sessões estava Os Simpsons - O Filme (The Simpsons - The Movie, 2007). Com isso, o Capitólio sempre exibiu filmes em película, uma vez que a modernização do parque exibidor brasileiro iniciou-se apenas em 2013.

Anos 1930

Com a expansão da Xavier e Santos para Bagé, a empresa não abriu mais salas na cidade de Pelotas. Além disso, o impacto do falecimento precoce de Francisco Xavier, em 1935, e logo em seguida também de Francisco Santos, em 1937, aos 64 anos, gera uma desaceleração no mercado exibidor da cidade.

 

Apesar de diversos cinemas abertos nas últimas décadas, nos anos 1930 assistimos apenas a abertura de um cinema: o São Rafael, no bairro Fragata - comumente chamado de “Bairro-cidade”. Esse desaceleramento de aberturas de cinema repete-se nas próximas décadas por diversos fatores do cinema e da sociedade.

 

Vale lembrar também que o começo da década de 1930, sob os reflexos da crise econômica mundial de 1929, é também marcado pela chegada do som, do cinema falado, algo que ao mesmo tempo em que causa alvoroço nos espectadores, eleva os custos para os exibidores, tanto dos equipamentos, quanto a modernização do parque exibidor.

Cinema: São Rafael
Endereço: Praça 20 de Setembro, 846 - próximo ao Residencial Ana Terra
Data de Abertura: 15 de maio de 1938

O São Rafael foi um cinema longevo. O espaço foi gerenciado pela família Zambrano, do Theatro Guarany, através da Cine Pelotas Ltda, a partir dos anos 1940. Nos anos 1950, possuía 1.000 lugares para os espectadores. 

 

Duas décadas depois, em 1974, o cinema foi encerrado. Sua estrutura acabou por ser demolida e atualmente não existem nem mesmo ruínas.

Descentralização: Anos 1940 - 1959

A partir do final dos anos 1930, Pelotas vive um movimento de descentralização das salas exibidoras. Enquanto os primeiros cinemas se concentravam no entorno da Praça Coronel Pedro Osório e em ruas adjacentes, a abertura do Cine Teatro São Rafael, em 1938, marca o início de um novo ciclo: o da expansão das salas de exibição para fora da área central. Essa tendência se intensifica nas décadas seguintes, levando a experiência cinematográfica a outras regiões da cidade.
 

A década de 1940, marcada mundialmente pelos efeitos da Segunda Guerra, foi um período de crise econômica e instabilidade, o que retardou o surgimento de novos cinemas. Ainda assim, em junho de 1942, é fundada a Cinearte Ltda, cuja diretoria reunia os empresários Dario Moreira Lopes, Lothar Wiener e Odeon Sales Montarroios, que passariam a explorar os cinemas Apollo, Avenida e Capitólio e lançariam, alguns anos depois, três novas salas na cidade.  
 

É nesse cenário que surgem espaços como o Cine Teatro Ideal (1947), o Palácio do Rádio (1947), o Cine Tupy e o Cinema Para Todos (1950). Mas o destaque desse período fica com o Cine Fragata (1949), que se tornaria o maior e mais bem equipado entre os cinemas de bairro de Pelotas. Ainda que com estruturas mais simples em comparação às salas centrais, essas novas salas foram fundamentais para a ampliação do acesso ao cinema e a formação de novas plateias.
 

Já nos anos de 1950, uma nova administradora de espaços de exibição é formada: a Empresa Cinematográfica Cinesul. Impulsionada pelas inovações tecnológicas e o desenvolvimento econômico e urbanístico da época,  a empresa é responsável pela inauguração, em 1956, do Cine América, o maior e mais bem equipado cinema deste período, vindo também a gerir algumas das salas mais modernas da cidade nos anos seguintes.

Cinema: Cine Teatro Ideal
Endereço: Av. Farroupilha, s/n, Areal
Data de Abertura: Agosto de 1947

Primeiro dos novos empreendimentos da empresa Cinearte, na década de 40. Seu edifício foi remodelado para atender aos critérios de qualidade de projeção da época.

Em 1960, sob o nome Cine Ideal Dunas, era propriedade de Waldemar Valente Gomes.  Possuía 392 lugares na plateia, nessa época, realizando de três a quatro sessões por semana com projetor de 35mm.

Cinema: Palácio do Rádio
Endereço: Rua Sete de Setembro, 353
Data de Abertura: 1947

Propriedade de Sociedade Difusora Rádio Cultura. O auditório possuía 705 lugares e as sessões de cinema, em dias variáveis, eram feitas em aparelho projetor de 16mm.

Cinema: Fragata
Endereço: Av. Duque de Caxias, 668
Data de Abertura: 06 de julho de 1949

Propriedade da Cinépolis, de Victor R. Petrucci. Com 1142 lugares, a sala de projeção era dividida entre plateia baixa e mezanino. 

 

Recebia um número expressivo de espectadores, entre moradores do Fragata e bairros próximos, além dos militares do Quartel nas cercanias. Popular na lembrança dos espectadores pelas exibições dos filmes de Teixeirinha, entre outros. Realizava três sessões diárias, com projetor de 35 mm.  O ingresso custava Dois Cruzeiros e havia um dia promocional para mulheres, chamado “Dia das Moças em seus Cinemas". Teve duas inaugurações, uma em 1949 (construção em madeira) e outra em 1957, após reforma (edifício com vigas, pilares e lajes de concreto).

 

Na sua primeira inauguração, o filme exibido foi “Bandoleiros" (1946), de George Shermann. O público pode assistir à duas sessões do dia e concorrer a prêmios como permanente para cabelos e metros de tecido. 

 

Nos seus últimos anos de funcionamento, entre 1980 e 1984, passou a exibir uma sessão diária de filmes pornográficos, sempre às 20h30.

Depois do encerramento das atividades como cinema, o prédio abrigou a casa de bailes Casa Grande e, em seguida, foi vendido aos atuais proprietários, que o transformaram na também casa noturna, Super Kzão.

Cinema: Cinema Para Todos
Endereço: Santa Terezinha
Data de Abertura: 1950

Propriedade da Empresa Comercial. Em 1960, oferecia 500 lugares na plateia e realizava sessões com aparelho projetor de 16mm.

Cinema: Cine Teatro Esmeralda
Endereço: Av. Domingos de Almeida, 2114, bairro Areal
Data de Abertura: 28 de janeiro de 1954

Propriedade da Cinépolis, de Victor R. Petrucci. Inaugurou com a exibição do western "Legião Invencível” (1949), de John Ford, com John Wayne no elenco. Em 1960, tinha 600 lugares de plateia e aparelho projetor de 35mm. Seu funcionamento era diário. Encerrou as atividades em 1973.

Cinema: América/ Princesa
Endereço: Rua XV de Novembro, 205
Data de Abertura: 12 de outubro de 1956 

Propriedade da Empresa Cinematográfica Cinesul, o espaço é descrito pelos jornais da época como um edifício de linhas funcionais, com bilheteria, bombonière e um amplo saguão com uma escada que levava para o seu bar.

Na sala de projeções, poltronas Pullman levemente reclináveis e som e imagem de alta fidelidade, garantidos por um projetor importado AP3, o primeiro da região sul do estado, que podia exibir tanto películas em Cinemascope, quanto Vistavision.

 

O primeiro filme exibido foi “Verdi, o Rei da Melodia" (1953), de Rafaello Matarazzo,  com Pierre Cressoy como protagonista.

 

O acesso principal ficava voltado para a Rua XV de Novembro, e servia para a entrada do público na sala de projeção, localizada no térreo. Após ampliação, ganhou acesso para a Rua Andrade Neves, que permitia a circulação e saída de pessoas após as sessões. Por um breve período, por conta de uma mudança de proprietários, chamou-se Cine Princesa, posteriormente voltando a ser chamado de América.

 

Encerrou as atividades em 1976. Atualmente, no mesmo endereço, situa-se o edifício residencial América.

Princípio do fim:
1960 - 1999

A década de 1960 assistiu às últimas inaugurações de cinemas de calçada em Pelotas. Ainda que o número de novas salas fosse menor em comparação aos períodos anteriores, alguns desses espaços marcaram profundamente a memória da cidade e permaneceram ativos até o fim do século XX. É o caso do Cine Rádio Pelotense, inaugurado em 1962, e do Cine Tabajara, de 1963, dois cinemas que se destacaram pela programação variada, pela localização central e pela longevidade, tornando-se referência para diferentes gerações de espectadores.

Outras iniciativas da época, embora mais efêmeras, também contribuíram para o panorama cinematográfico da cidade. O Cine Garibaldi, aberto em 1968, foi um exemplo de sala que buscou atrair o público com a promessa de conforto, modernidade, e descentralização, mas teve funcionamento por um tempo reduzido. 

Nessa mesma época, surgiram também cinemas de funcionamento sazonal ou com estrutura mais improvisada, como o Cine Praiano, localizado na praia do Laranjal. Apesar das poucas informações disponíveis a seu respeito, sabe-se que ele oferecia sessões durante o verão, possibilitando o acesso a filmes mesmo longe do centro urbano. Com uma estrutura modesta, o espaço cumpria seu papel como ponto de encontro e entretenimento, principalmente para veranistas e moradores da região.

Entre as décadas de 1960 e 1990, esses cinemas acompanharam transformações sociais, tecnológicas e urbanas profundas. À medida que novas formas de entretenimento surgiram e o hábito de frequentar salas de exibição diminuíra, muitos desses espaços encerraram suas atividades. Ainda assim, eles permanecem vivos na memória afetiva da cidade, como parte importante do imaginário coletivo e da história cultural de Pelotas.

Cinema: Cine Rádio Pelotense
Endereço: Rua Andrade Neves, 2316
Data de Abertura: 17 de abril de 1962 

Propriedade da Sociedade Rádio Pelotense, a mais antiga rádio do Rio Grande do Sul, fundada em 1925. A inauguração do cinema no mesmo edifício da rádio coincide com uma mudança de sede, em 1962. A sala possuía 880 lugares, divididos entre plateia baixa e mezanino.Era o único da cidade credenciado com a categoria “Especial”, de acordo com portaria da Comissão Federal de Abastecimentos e Preços de Pelotas.

 

O primeiro filme exibido foi “A Taberna das Ilusões Perdidas”(1960), de Pete Hammond Jr., com Tony Curtis e Debbie Reynolds e, ao longo da sua história, o início de todas as sessões foi sinalizado pela execução da trilha sonora do filme “Exodus” (1960), de Otto Preminger, composta por Ernest Gold.

Entre sua programação, oferecia sessões matinais de desenhos animados, aos domingos. Embora o cinema tenha encerrado suas atividades no final dos anos de 1990, a Rádio Pelotense fez sua última transmissão em 31 de agosto de 2023.

Cinema: Tabajara
Endereço: Rua Gen. Osório, 1087
Data de Abertura: 01 de outubro de 1963 

Propriedade da Cinesul, empresa que, após o sucesso da sua primeira sala exibidora, o Cine América, decidiu inaugurar um cinema mais moderno em suas linhas arquitetônicas e que oferecesse mais conforto ao público.

 

Assim, surgiu o Cine Tabajara, que logo se destacou como um dos maiores e mais modernos de Pelotas, com suas 950 poltronas estofadas, estrutura em gesso e marquise luminosa.

 

Com uma programação diversa, o Tabajara abrigava sessões variadas como as clássicas matinês de domingo, encontros de estudantes, sessões Cult com filmes de arte e debates quinzenais às sextas, na sessão das 22h. 

 

Nos anos 90, o Tabajara ainda funcionava como palco para a Cia Z de Teatro, recebendo matinês escolares e espetáculos como “Os Saltimbancos”, embora já mostrasse sinais de desgaste, inclusive com uma peça interrompida por uma tábua solta no palco.

Sua última sessão foi em 1995. Hoje, o prédio abriga uma igreja neopentecostal.

Cinema: Rei
Endereço: Rua Andrade Neves, 1979
Data de Abertura: 14 de julho de 1967

Inaugurado em um edifício comercial de 1947, o Cine Rei era propriedade da empresa Cine Pelotas. 

Ao longo do seu funcionamento, ofereceu programação diversificada, que incluía matinês com desenhos animados e sessões de arte. Nos últimos anos, exibiu filmes pornográficos e espetáculos ao vivo de sexo explícito.

Encerrou as atividades em 1993. Atualmente, uma loja de eletrodomésticos ocupa o mesmo prédio.

Cinema: Garibaldi
Endereço: Rua José Garibaldi, 660
Data de Abertura: 29 de junho de 1968

Idealizado pelo seu proprietário, Manoel Marques, da empresa Fonseca Jr., o Cine Garibaldi foi noticiado pela imprensa, em sua inauguração, como o “orgulho da Várzea”, um “vínculo de união” entre o bairro e o restante da população da cidade. 

 

Tido como moderno e confortável, o cinema tinha 800 poltronas Pullman-Cyro na plateia e era o único no estado, na época, com calefação à vapor, o que prometia a regulação da temperatura interna tanto no inverno, quanto no verão, quando o sistema de aquecimento era invertido.

 

A qualidade de imagem ficava a cargo do equipamento Varimex, que próprio para projeções em Vistavision, Cinemascope e Panorâmico. 

 

O primeiro filme exibido foi “El Dorado” (1966), de Howard Hawks, com John Wayne e Robert Mitchum no elenco.

 

Esteve em funcionamento até 1975. Em seu endereço, hoje, se encontram os galpões da Expresso Embaixador.

Cinema: Praiano
Endereço: Rua Tuparendi, 366, Laranjal
Data de Abertura: s/d

Empreendimento de Wilson Merenda, entre o final dos anos 60 e início dos 70, era um cinema de estrutura precária, localizado na Praia do Laranjal, na esquina das ruas Tuparendi e Novo Hamburgo. Exibia filmes durante a temporada de verão. 

 

Segundo relatos de espectadores, o espaço era à céu aberto, tinha chão de terra batida, e cabia ao público levar cadeiras, se quisesse sentar. Muitas sessões eram assoladas por mosquitos.

O Jornal do Laranjal informa sobre uma projeção ocorrida no dia 22 de fevereiro de 1967, quando foi exibido “Minha vontade é a lei”(1959), de Edward Dmytryk, com Henry Fonda, Anthony Quinn e Dorothy Mallone. 

 

O preço das entradas variava entre CR$ 100,00 e CR$ 200,00 (Cruzeiros).

Outros cinemas

Nem todas as salas exibidoras de Pelotas deixaram rastros claros em registros oficiais ou publicações da época. Algumas chegaram até nós apenas por meio de lembranças, relatos orais ou menções esparsas em posts de redes sociais.
 

Essa seção reúne justamente esses cinemas menos documentados,  espaços que, ainda que tenham tido existência breve ou periférica, também fizeram parte do cotidiano e da paisagem cultural de Pelotas.

Cinema: Principal
Endereço: Rua Santo Antônio, Três Vendas
Data de Abertura: s/d

Conforme relato de espectadores da época, seu endereço era na rua Santo Antônio, quase esquina com a Avenida 25 de Julho (conhecida como a Estrada da Barbuda), tendo depois mudado para a rua Santo Antônio, no Três Vendas.

Cinema: Glória
Endereço: Av. Cidade de Lisboa, 245
Data de Abertura: s/d

O Cine Glória é relembrado por antigos frequentadores como “pulgueiro", devido à sua estrutura simples, com cadeiras de palha e a presença dos referidos insetos na plateia.

 

Ainda segundo relatos, o prédio pertencia a Pedro Afonso Cantarelli, oferecia  matinês aos domingos e promoções para mulheres às quintas e sextas-feiras.

 

Também é muito lembrado pela ocorrência de um crime passional durante uma de suas sessões, entre o fim dos anos 60 e início dos 70. Devido à imprecisão dos dados, tal fato não pode ser apurado.

Cinema: Tupy
Endereço: Rua São João, Santa Therezinha
Data de Abertura: 14 de julho de 1967

Apesar da localização aproximada, não foi possível confirmar se é o mesmo Cinema Para Todos.

Cinema: Cine Rex
Endereço: Av. Domingos de Almeida, Areal
Data de Abertura: s/d
Capão do Leão

O município de Capão do Leão se emancipou de Pelotas em 1982, por isso, seus antigos cinemas também fazem parte da história das salas de exibição pelotenses. Entre eles, estão o Pathé Cinema (1911); o Royal Cinema (1912); o Cine Glória (1961), uma filial do cinema de mesmo nome, que ficava na Avenida Cidade de Lisboa, em Pelotas; o Cinema Guarani (1920), e o Cine América, localizado no Jardim América.

 

Esses espaços eram salões adaptados para projeções de filmes, como os de Teixeirinha, José Mendes Júnior e Mazzaropi. Segundo o professor de Joaquim Dias, que se dedicou a pesquisar as salas da região, havia ainda filmes que apostavam em ações promocionais curiosas: “Um deles é o "Noivo da Girafa" em que fizeram uma girafa grande e tosca de papel machê e seguiam com o adereço para colocar defronte aos locais de exibição; outro é sobre a película "Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" que vestiram dois homens - um de Lampião, outro de Maria Bonita - para ficarem defronte à entrada chamando ao público. Parece que aquele que vestiu-se de Maria Bonita foi alvo de muito escárnio da juventude da época", contou o professor Dias, em conversa com nossa equipe.

Mais espaços

Ainda que distantes do circuito comercial das salas exibidoras da cidade, e com funcionamento sem regularidade alguns outros espaços que também ofereceram sessões de cinema em Pelotas, na segunda metade do século XX, e são lembrados por antigos frequentadores são o Teatro do COP (Círculo Operário Pelotense), o Colégio Gonzaga e o Colégio Pelotense. 

Apagar das luzes: Anos 2000 e o último cinema de calçada

A história do Cine Capitólio, um ícone cultural de Pelotas ao longo de grande parte do século XX, chega ao seu fim em 2007. Fundado em 1928 pela Empresa Xavier & Santos, na Rua Padre Anchieta, o espaço projetava luxo e conforto, com poltronas gravadas com o nome do cinema, camarotes elegantes e até um “balcão dos namorados” , o que o tornava ponto de encontro social e cinematográfico para a classe média pelotense.

Durante décadas, o Capitólio manteve programação diversificada e foi uma das salas preferidas da cidade. Reformas nos anos 1960 e 1988 trouxeram modernizações: fachada alterada, som e projetor renovados, banheiros reformados e ventilação, numa tentativa de preservar o público diante da chegada da TV e das videolocadoras.

Porém, mesmo com essas adequações, o cinema viveu uma lenta decadência. A mudança nos hábitos de consumo do público e a insegurança no Centro histórico fizeram o Capitólio ter o inevitável desfecho da maioria dos cinemas de calçada no Brasil e no mundo. Em outubro de 2007, a última sessão foi exibida. Na manhã seguinte, cartazes informavam que a casa estava “fechada para reforma” , sendo rapidamente transformada em estacionamento.

Após o fechamento, o antigo Cine Capitólio abrigou eventos esporádicos promovidos por grupos locais, como o “Noitão de Cinema” do PET Artes Visuais da UFPel, que reviveu sessões por uma noite, em 2011 e em 2014, usando o mezanino da antiga sala. 

O fechamento do Capitólio, em 2007, não apenas marcou o fim de um espaço específico, mas o encerramento de um ciclo que, ainda hoje, permanece vivo nas memórias da cidade. Atualmente, no entanto, Pelotas conta com cinemas em centros comerciais: 4 salas no CineArt, inaugurado em 2001, no Shopping Calçadão, e 5 no Cineflix, que opera desde 2013, no Shopping Pelotas.

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